maio 05, 2013

A morte é doce como um sábado no parque


Quando paridos
Recebemos da morte
Sua chancela
Num sussurro: Voltarei.

Nossa primeira certeza.
É tão certo, mas tão certo quanto
O amor de mãe.

Frágeis chorões que somos
Embalam-nos nas cantigas.
E sonhamos adolescentes o que
Às vezes realizamos adultos,
Até que velhos, curvamo-nos
Num dia de sábado.

É dia de parque,
Algodão doce na boca
E carrossel a girar.
Carrossel que jamais parou
Girou criança,
Girou adolescente
Girou adulto, mas
Gira agora com preguiça. Lento.
Escurece-nos as vistas,
O som do realejo diminui
E tudo gira; como o carrossel.

É o sinal (há muito temido)

Ao menos na boca tem
Algodão doce.

Ela voltou para
Cumprir a sentença.

O carrossel parou. Ouvidos moucos
Nenhuma voz. Nada.

O algodão doce está no chão.

Quando desencarnamos
Recebemos da morte
Sua chancela
Num sussurro: Voltei.

Jaraguá do Sul, SC
Ao meu querido Moisés.

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