abril 21, 2011

Poema de vida e de morte

Poemas há que são cores;
Carregados de energias
Primaveris, espargem olores
Aos quatro costados. Magias

Manifestas em tudo o que respira,
Abençoados pelo toque de Diana
Deusa. Poema onde a vida conspira
Em tom, em movimento. Parvana.

Poemas há que são pútridos;
Como a morte e dela sua estirpe.
São belos sem serem almofadados.

São em si, abençoados por Anúbis-deus
E sob a chancela de Baudelaire príncipe
Vivem! Sim, beleza também há num adeus.

Élcio

abril 15, 2011

Tonico, o sapo poeta!

Tonico é o cara; um amigo especial,
Exótico para alguns, meio pateta
Para outros, mas com um diferencial:
Meu amigo é metido a ser poeta.

Na lagoa, o microfone é seu. É o galã na multidão;
O coaxar tradicional ficou sem graça e posto de lado
Por ele. Fato que para alto clero é falta de retidão.
Mas Tonico não está nem aí e não se faz de rogado.

Porém, ao findar da noite, bem já de manhãzinha,
Ele volta para casa, está exausto, quase afônico.
Mas todo santo dia tem que driblar minha vizinha

Que estende roupas. Um grito e um frio pela espinha!
E tome correria pra cima do meu pobre amigo Tonico
Que por fim, desmaia (dia a fora) sob minha escrivaninha.


Élcio

abril 11, 2011

Saudade, tú és tinhosa!

Hoje bateu uma saudade
Danada, doída, daquelas
Que vem com ruindade.
Escancara nossas janelas

Joga-se na cama; cheia de comichão.
Pula e espanta o que era a nossa paz.
E num golpe baixo, tira nosso chão
Quando põe a rodar: Ne me quitte pás.

De raiva, ouvi Piaf e Holiday madrugada
A dentro. Como tu gostavas. Lembras?
E a vela? Luz tremula e quase apagada

Projetava na parede as nossas sombras
A fazer amor. Lúdica, mas nada sagrada.
Saudade! Tu és tinhosa em suas manobras.

Élcio

abril 05, 2011

Dilema

Amo-te anjo. Sagrado e profano. Amo-te viril.
Desejo-te qual criança pelo fruto maduro e tenro
Dos vinhedos espargidos pelos olores de abril;
Tão abundantes no mosteiro de Santo Amaro

Da minha infância. Aprendi, pois, que toda solidão
De uma noite cabe n´alma daquele que apaixonado
(E desatento) perambula sem norte pela vastidão
Dos poemas de um relicário ora virado, ora revirado.

Dou-te meu corpo, e trago-te o sabor do anis no lábio
E nesta paz mergulho em tua alma afim de nela perscrutar
Cada segredo recôndito que julgavas um alfarrábio

Quando em verdade teu segredo maior está a gritar.
Só teu espírito finge-se mouco e deveras dúbio
Entre o racional e o promiscuo: afinal, a que voz acatar?


Élcio