outubro 29, 2009

Linhas

A cada linha percorrida
Em teu corpo
Minha alma sussurra
Um poema: que não declamo;
Uma musica: que não canto.
Em teu corpo
A cada linha percorrida.

Elcio

outubro 21, 2009

Remanso

Serei amor, ainda que distante.
E quando a lágrima nascer,
Serei saudade, pois, errante
Vivi das noites a renascer

E a morrer na solidão. Exílio
De um amor vívido outrora.
Hoje se perdeu se fez imbróglio
E com ele, jaz a última aurora.

Luz amêndoa, refletida nas espumas
De um mar de calmaria sob o ocaso
Sereno, como serenas, são as brumas

A envolver o barco que desliza manso
E alheio às águas devoradoras de almas,
Amores e temores. E tudo finda; num remanso.

Élcio

outubro 11, 2009

Sem graça

Será que há algo tão sem graça
Quanto uma piscina vazia,
Ou uma pedra sem vidraça?
Um carnaval sem primazia

Ou ainda uma praça sem parque?
E quermesse sem prenda de bingo,
Ou Caetano sem Chico Buarque?
Talvez, feriado em dia de domingo?

Festa de aniversário sem doce brigadeiro?
E fazer dieta no inverno, comer linhaça,
Soja e às vezes um pouco de molho tártaro?

E esse Sarney que vive numa couraça,
Impune e jactante com nosso dinheiro?
Será que há algo tão sem graça?

Élcio

outubro 05, 2009

"Era vidro e se quebrou"

Juramos amor sem mensurar o “eterno”.
Você de véu e grinalda estava estonteante
E eu ali sério à tua espera, de gravata e terno.
Como terno era o meu olhar embora distante.

Mas, a vida é cíclica, nem sempre diz a que veio.
E é assim que a descoberta exultante no início
Tenta selar (o todo) quando este ainda é meio,
Pois, teme o preço que ela –a vida- cobre ao fim.

Na infância cantamos inocentes cantigas;
Crescemos e aí começamos a cantar
Amigas e ainda as amigas das amigas.

Até que um dia, somos pegos e vamos ao altar,
Mas, o tempo é inexorável: leva o amor, as cantigas,
A vida, tudo enfim e não deixa nada por que cantar.

Élcio

outubro 01, 2009

Sem Anúncio

Ouço por acaso no rádio uma canção:
Fly me to the moon. Não havia percebido,
Mas, a magia já cuidava de sua anunciação.
E assim, tua imagem houvera irrompido

O ambiente. Ali me inquiriu com teu silêncio
E o tempo até parou, por toda a eternidade
Que há num suspirar, e foi assim, sem anúncio;
Que vi o teu corpo seminu e pleno de beldade

Se mostrar. Senti-me adolescente de anos e anos
Atrás quando vi os primeiros seios. Beirou o sagrado.
Contudo, os hormônios, ah esses são todos profanos!

E como não há suspiro tão longo para eles, o acertado
Entre sagrado e profano deu-se ao cair dos panos;
E a magia se consuma. Já no rádio, toca Corcovado.

Élcio