abril 29, 2010

O jagunço que virou designer

Enquanto lia Guimarães Rosa eu sonhava.
Queira ser jagunço, dos mais corajosos.
Mas, jagunço que punhal empunhava;
De andar acoitado, conluiado ou a sós.

Jagunço de cavalgar ou ainda rastejar,
Situações que apenas a vida ordenaria.
Contudo, o fato é que nem sempre desejar
É suficiente, assim, me joguei na montaria

Do tempo e a abracei com as pernas. Cavalguei;
Sem armas, muito menos ato heróico.
E foi desse modo que em outros sonhos vaguei.

Porém, agora nesses sonhos tinham históricos,
Notas bimestrais, tese e dissertação, tudo metódico.
Fiz-me designer e troquei o punhal por rabiscos.


Élcio

abril 24, 2010

Mas...

Eu amo poesia,
Eu leio poesia,
Eu escrevo poesia,
Mas, não as entendo.

Eu amo mulher,
Eu leio mulher,
Eu escrevo mulher,
Mas, não as entendo.

Élcio

abril 16, 2010

Alcova

Na alcova, à meia-luz reinava
Uma cumplicidade e uma entrega
Que outrora foram tão desejadas
Quanto um dia de sexta-feira!

Era quando então, as carnes desnudas
E cheias de pecado, eram ali expostas
No silêncio dos nossos olhos famintos.

Os lábios mal se continham
E a língua retesada sofria
(No momento que a tudo antecede)
De uma agonia quase antropofágica.
...

Na alcova, à meia-luz... às sextas-feiras.

Élcio

abril 05, 2010

Amo-te tanto, tanto!

Amo-te tanto meu amor, creia,
Não sei blasfemar juras.
Amo-te livre meu amor, sem peia,
Sem agouro das criaturas

Que inglórias, vagam pelo limbo,
Desprovidas de amor por não o conhecer.
Esses jamais terão o nimbo,
Luz das almas, e sim o padecer.

Amor que quase transcende a razão.
Sim meu amor! Quase, pois que se fosse todo
Eu não suportaria tamanho o espanto.

Amo-te qual santo, qual bicho solto. Engodo
Profano e paradoxal, mas amo-te tanto, tanto
Que não importo se trago (ainda) os pés no lodo.

Elcio

abril 01, 2010

Essa mulher

Estrelas dos céus, não vislumbro mais seu fulgor,
Desde o dia, que aquele par de olhos fitou-me
E de luz fartou minha alma!

Agora gozo da leveza dos pássaros
Que mergulham no azul do céu
Em busca das estrelas escondidas.

Hoje posso tudo; desde vencer dragões,
Passear por entre as estrelas,
Dormir em seu corpo.

Mas, estrelas emprestem-me seu silêncio,
A fim de que ninguém amanhã possa saber
O nome dessa mulher.

Élcio