agosto 04, 2014

A dama da noite e o colibri

Deixei nas Minas Gerais os meus rastros
Pelas montanhas verdejantes,
Entremeio as trilhas dos carros-de-boi.
Os pés nus a pisar o orvalho, a
Terra vermelha, terra de massapé.
Fogão na janela, de lenha.
O cheiro do café no bule a fumegar.
Colibri esnobe bailou
Pela moldura da minha janela.
Deu ré, serpenteou e como um raio
Desapareceu, escafedeu-se
Em meio a tantas cores.
Colibri de vôo rasante!
A dama da noite ficou à tua espera;
(Como alguém por mim).
Algo ficou perdido entre o vir e o não ir.

O bolo é de fubá, cravo e canela,
A touceira de capim cidreira
No pé da porta é contra o mau agouro.
Vida danada! Cria raízes
Na gente prá mode de nunca mais tirá.
E já não há mais como deixar de sentir
Essa dor a futicar nas entranhas.
Dor malvada que tantos chamam saudade.
- Esconjuro.

Novembro vem com céu de brigadeiro e
Traz as jabuticabas, xô passarim!
Antes, porém, as suas flores explodem.
Colibri incestuoso! Quem te ensinou
A todas beijar, a todas cortejar,
Mas sem a nenhuma pertencer?
Uberaba (das sete colinas)
   Um dia eu ainda volto!