fevereiro 26, 2011

Algodão Doce

Onde termina o certo
E começa o errado
Se caminham tão perto,
Assim, um no outro colado?

Algodão doce, Pipoca, bem-casado.
Vontade de´oce rasga a carne. Insano.
Acendo uma vela p´ro sagrado;
Outra de igual tamanho pr´o profano.

Amanhã hei de cultuar
O ócio. Nada de correr nem
Suar, só de papo pr´u ar.

Da cama nem vou levantar
Tão cedo e, se nela morrer
Encomendem minh´alma num altar.

Élcio

fevereiro 15, 2011

E foi tanta água...

E foi tanta água que tudo caiu.
A carola se perguntou:
“qual será o recado de Deus?”
Outras pessoas se atinham a recolher
Seus pertences, alguns
Escalavam as casas,
Destino final; a laje.
Meninos e meninas
Correm pela enxurrada
Enxurrada que logo vira rio.
Rio de correnteza acelerada, devoradora
De meninos e meninas, criação
Se bobear vai também.
Os olhos buscam os céus
Em prece para que a chuva cesse
Enquanto os pés são
Devorados pela lama.
Relâmpago alumiou o céu
Há muito órfão de estrelas.
Veio o estrondo
Ouvido zuniu.

E foi tanta água que a internet caiu!

Élcio

fevereiro 03, 2011

Alfazema

Devo ter perdido a chave
Das gavetas de meu íntimo
Pois há muito não voa essa ave,
O que sinceramente, lastimo.

Vaga minha alma sem lume,
Assim, estranha e quase maldita,
Como se o coração batesse incólume
E da vida não provasse nenhuma desdita

Vergastou-me corpo e alma essa paixão
Tanto que impossível me foi o seu evitar
Foi intenso, foi minha chuva-de-verão.

Arrebatadora beirou o espetacular.
Mas, foi-se, como toda chuva de estação,
E deixou o frescor da alfazema em meu olhar.

Élcio