julho 26, 2010

Codinome saudade

E o fim há muito anunciado
Agora abria as portas do inferno
Para se mostrar, para ser encarado.
Adeus sonhos de amor eterno!

Ali ela decidiu e sacramentou:
“Era a última vez que choraria
Por ele, acabou. Bastou”.
Dali em diante tudo mudaria.

E desligaram seus computadores.
Cada qual em seu escuro quarto,
Curtiriam por horas a fio as suas dores.

“A noite enorme, tudo dorme, menos o teu nome”.
E o dia nasceu e das lembranças fez-se o parto.
Nasce a saudade; para ambos o codinome.

Élcio

julho 19, 2010

Sonhos empalados

Os sinos da catedral estão moucos
E um vento frio transpassa o peito.
Esvoaçam meus sonhos poucos
Sensatos, já do lógico, nada afeito.

Quantos sonhos foram empalados
E, que ficaram para trás, nas paralelas
De meus caminhos empoeirados?
Jamais sepultados. Mazelas!

À frente, anjos frios e estáticos
Aguardam-me os derradeiros
Passos; vacilantes e patéticos.

Creio que quando o novo atirar sua lança,
Virá que eu vi; no flamejar dos candeeiros,
A única chama (tênue) dessa tal esperança!

Élcio

julho 06, 2010

O bazar de Dom Quixote

Fato é que por ser probo
Vendo meus sonhos. Os pequenos!
A preços módicos os mais serenos.
Já os que foram filhos de Érobo(*)

De graça estarão caros.
Penso passar adiante
Meu bom Rocinante
Jamais afeito a puxar carros

Arados, bigas, nada do tipo.
Tão preguiçoso quanto Ruço,
Porém, fiel como o sol aos céus.

Vida alucinada, de ti me dispo!
Sereno e sem maior reboliço.
Dulcinéia amada guarda-me sob seus véus!

* Filho do caos. Considerado o próprio inferno.

Élcio