"Aos olhos da saudade
como o mundo é pequeno"
Charles Baudelaire
Um amor quando distante,
Machuca esfola, maltrata.
É noite é desespero que
Come a carne da gente.
E quando esse amor vive em segredo
É ainda pior, pois na saudade
Mora a vontade de chorar.
Mas isso não lhe é permitido.
Então, vem uma vontade
De gritar o seu nome.
Aos quatro costados.
Mas isso não lhe é permitido.
Você é prisioneiro em seu próprio peito,
Enquanto que algoz de si mesmo.
Quando o amor existe em segredo
Dilacera as entranhas, sufoca o peito,
E esse claustro fica deveras pequeno.
Na alma, a mortalha da saudade
Comprime-te, mas também isso
Tem que ser segredo e você sorri.
E tentará contentar-se quando vir
A ampulheta do tempo a girar, girar, girar.
Talvez, mas apenas talvez, seu amor
Também sofra agora. Mas, nem isso é certo.
Seu amor talvez possa estar
Mais distante do que se imagina.
Talvez tão distante que você nem mais o alcance.
Talvez seu amor tenha se cansado
De sofrer de ausência (sempre tão presente).
E tenha saído para balada. Talvez, apenas talvez,
Tenha encontrado alguém que se fez interessante;
Alguém que se fez próximo. Talvez próximo até demais.
E essa dor é lancinante,
Tanto que a vontade de se matar
Já se apresenta plausível.
Talvez plausível até demais.
Dirão: é a lei da selva!
Sim. Pode ser!
Mas, um amor quando distante
Metamorfoseia-se na saudade.
Esse veneno da alma da gente
Que tem por cria o ciúme.
Ciúme que se alimenta de dúvidas
Numa antropofagia insana
E isso mata a gente quando o amor
Tem que ser distante e em segredo.
Élcio
fevereiro 16, 2010
fevereiro 09, 2010
A morte é doce como um sábado no parque
Quando paridos,
Recebemos da morte
Sua chancela
Num sussurro: Voltarei.
Nossa primeira certeza.
É tão certo, mas tão certo quanto
O amor de mãe.
Frágeis chorões que somos
Embalam-nos nas cantigas.
E sonhamos adolescentes o que
Às vezes realizamos adultos,
Até que velhos, curvamo-nos
Num dia de sábado.
É dia de parque,
Algodão doce na boca
E carrossel a girar.
Carrossel que jamais parou
Girou criança,
Girou adolescente
Girou adulto, mas
Gira agora com preguiça. Lento.
Escurece-nos as vistas,
O som do realejo diminui
E tudo gira; como o carrossel.
É o sinal (há muito temido)
Ao menos na boca tem
Algodão doce.
Ela voltou para
Cumprir a sentença.
O carrossel parou. Ouvidos moucos
Nenhuma voz. Nada.
O algodão doce está no chão.
Quando desencarnamos
Recebemos da morte
Sua chancela
Num sussurro: Voltei.
Élcio
(Àquele que chegou: Meu querido Moisés)
Recebemos da morte
Sua chancela
Num sussurro: Voltarei.
Nossa primeira certeza.
É tão certo, mas tão certo quanto
O amor de mãe.
Frágeis chorões que somos
Embalam-nos nas cantigas.
E sonhamos adolescentes o que
Às vezes realizamos adultos,
Até que velhos, curvamo-nos
Num dia de sábado.
É dia de parque,
Algodão doce na boca
E carrossel a girar.
Carrossel que jamais parou
Girou criança,
Girou adolescente
Girou adulto, mas
Gira agora com preguiça. Lento.
Escurece-nos as vistas,
O som do realejo diminui
E tudo gira; como o carrossel.
É o sinal (há muito temido)
Ao menos na boca tem
Algodão doce.
Ela voltou para
Cumprir a sentença.
O carrossel parou. Ouvidos moucos
Nenhuma voz. Nada.
O algodão doce está no chão.
Quando desencarnamos
Recebemos da morte
Sua chancela
Num sussurro: Voltei.
Élcio
(Àquele que chegou: Meu querido Moisés)
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