março 02, 2010

Ausência

O berço vazio e triste
Sem o lume da inocência.
A fragata com mastros em riste
Vaga solitária na indolência

De um mar abissal tão escuro quanto triste.
Nos portos, as viúvas prenhas de inocência
Carregam solidárias os seios fartos, em riste.
E nos ventres a vida se arrasta. Indolência!

Nos lençóis, a solidão por não mais ter o cheiro
Das aventuras de seu homem; tão impregnada na pele
Queimada de mar, iodada, tatuada. Corpo trigueiro.

Sobre seu corpo, não mais o peso daquele
Braço a repousar cansado e verdadeiro.
No ventre um mar e a gaivota silente e leve.

Élcio

6 comentários:

  1. Puxa, muito triste e lindo ao mesmo tempo. Um berço vazio e nem um braço a repousar. Quanta solidão! Maravilhoso! Montão de bjs e abraços

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  2. Fermoso e triste si. Canta sensibilidade nas túas verbas.
    Beijinhos.

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  3. De tristura, de ausencias
    e soidades, as mulleres
    agantan dentro do seu
    peito tódalas penas.

    Un gran poema.

    Biquiños

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  4. Pode até soar triste ...mas de uma beleza cativante e doída.
    abraços.

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  5. Hermoso poema que lleva la tristeza de los hombres y mujeres que viven de la mar. De esa mar que se ama pero que se teme.

    Mil beijos e mil rosas.

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  6. Que lindo triste!!! A beleza desse poema comoveu meu coração... Me lembrou uma música do Chico Buarque, não me recordo o nome... Bjs meu lindo

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