fevereiro 09, 2010

A morte é doce como um sábado no parque

Quando paridos,
Recebemos da morte
Sua chancela
Num sussurro: Voltarei.

Nossa primeira certeza.
É tão certo, mas tão certo quanto
O amor de mãe.

Frágeis chorões que somos
Embalam-nos nas cantigas.
E sonhamos adolescentes o que
Às vezes realizamos adultos,
Até que velhos, curvamo-nos
Num dia de sábado.

É dia de parque,
Algodão doce na boca
E carrossel a girar.
Carrossel que jamais parou
Girou criança,
Girou adolescente
Girou adulto, mas
Gira agora com preguiça. Lento.
Escurece-nos as vistas,
O som do realejo diminui
E tudo gira; como o carrossel.

É o sinal (há muito temido)

Ao menos na boca tem
Algodão doce.

Ela voltou para
Cumprir a sentença.

O carrossel parou. Ouvidos moucos
Nenhuma voz. Nada.

O algodão doce está no chão.

Quando desencarnamos
Recebemos da morte
Sua chancela
Num sussurro: Voltei.

Élcio

(Àquele que chegou: Meu querido Moisés)

6 comentários:

  1. É assim a vida... Uma ilusão!

    Mas uma ilusão doce nesse instante que decorre entre o abrir e o fechar os olhos.

    L.B.

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  2. E asi imos viaxando
    cada un o seu camiño,
    ata chegar todos
    a mesma meta.

    Biquiños

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  3. ...entre o nascer e morrer
    há apenas um tempo de insanas
    ilusões.

    e nelas cabem tbm o doce
    do algodão doce adoçando
    os sonhos.

    amor e saúde para o seu Moisés!

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  4. Depois de tropeçar em algumas pedras pelos caminhos, retorno com amor, pra suavizar as feridas com a sua poesia...Bjs.

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  5. E vc sempre me surpreende de uma maneira boa!!!
    beijos

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  6. É a coisa mais certa, um rumo inevitável. Mas é também o meu maior medo.

    E adoro ver quem consiga botar cor nisso tudo!

    Parabéns, Élcio!

    Beijos

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