Deixei nas Minas Gerais os meus rastros
Pelas montanhas verdejantes,
Entremeio as trilhas dos carros-de-boi.
Os pés nus a pisar o orvalho, a
Terra vermelha, terra de massapé.
Fogão na janela, de lenha.
O cheiro do café no bule a fumegar.
Colibri esnobe bailou
Pela moldura da minha janela.
Deu ré, serpenteou e como um raio
Desapareceu, escafedeu-se
Em meio a tantas cores.
Colibri de vôo rasante!
A dama da noite ficou à tua espera;
(Como alguém por mim).
Algo ficou perdido entre o vir e o não ir.
O bolo é de fubá, cravo e canela,
A touceira de capim cidreira
No pé da porta é contra o mau agouro.
Vida danada! Cria raízes
Na gente prá mode de nunca mais tirá.
E já não há mais como deixar de sentir
Essa dor a futicar nas entranhas.
Dor malvada que tantos chamam saudade.
- Esconjuro.
Novembro vem com céu de brigadeiro e
Traz as jabuticabas, xô passarim!
Antes, porém, as suas flores explodem.
Colibri incestuoso! Quem te ensinou
A todas beijar, a todas cortejar,
Mas sem a nenhuma pertencer?
Uberaba (das sete colinas)
Um dia eu ainda volto!
Olá Elcio! Parece que Minas tem este encanto, que de tempos em tempos assola nosso coração. Lá no TP também invoco minhas saudades! Lendo suas palavras lindas, retornei à cozinha e às janelas da casa grande... De outras montanhas, mas de Minas também... Beijo! Lindo poema!
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