março 15, 2016

Flores natimortas

Na noite passada, sonhei, sonhei.
Sonhos bizarros, ou eram reais?
Ainda não sei precisar!
Sei apenas que vi muitos poetas caídos,
esparramados ao chão pelos caminhos.
Caminhos sombrios, por vezes com raríssima luz,
Ocaso.
Tinham no olhar, uma melancolia quase tangente e,
Paradoxalmente, de suas bocas brotavam flores.
Flores exuberantes que tão logo deixavam de ser botão,
Tão logo secavam!
Algumas, nem a botão chegavam para desfalecer e secar.
Sequer eram aquareladas pelas cores e sem olor tombavam.
Flores natimortas, poemas vazios!
Pobres flores, débeis poemas.
O cantor sobre a pedra dedilhava sua lira. Lira mouca.
Enquanto seu olhar vagava na imensidão à busca de uma réstia
De inspiração.
Poetas abandonados de sí mesmos: sem norte, sem poesia, sem glamour.
Onde as amantes, as luzes dos cabarés, os cafés: recantos dos artistas
Da Cidade luz?
As ruas, outrora habitat desses poetas tem agora apenas o ladrar de cães
Preguiçosos e nos telhados, os olhares furtivos dos gatos. A coruja piou, bateu asas e voou.
Sonhos que pertencem ao passado, paixões que se foram...o ópio...Cronos a tudo consumiu!
De que adiantaram as poesias inebriantes...para tudo acabar em flores...

Flores natimortas!